Postes, Cruzetas, Torres Eólicas e Artefatos em Concreto

Sua versatilidade e familiaridade no mercado, resultam em diversos produtos adaptados a diferentes condições, inclusive climática. Resguardado por normas robustas, carece de um controle de qualidade contínuo, exigindo processo de fabricação maduro para atingir a garantia requisitada do produto, 35 anos.

Os processos de inspeção de recebimento desse material incluem:

Verificação das Condições de Segurança

Os ensaios só são realizados com todas as premissas de segurança exigidas em normas regulamentadoras vigentes, resguardando todos os profissionais envolvidos. Para isso existe um relatório de avaliação de risco, Risk Assessment, no qual o profissional avalia a segurança da realização dos ensaios em cada inspeção.

Verificação do Controle de Qualidade

Deve ser verificado se o fabricante está mantendo o controle dos insumos utilizados na fabricação do produto, para isso são cobrados e analisados alguns ensaios considerados importantes, realizados na fabricação do produto, que são anexados ao entregável.

Verificação da Calibração dos Instrumentos Utilizados

Para garantir as medições nos ensaios é verificado, a cada recebimento, a calibração e integridade física dos equipamentos utilizados. Os desvios são reportados.

Inspeção Geral

Na inspeção geral são verificados: acabamento, dimensões, retilinidade, furação (posição, diâmetro e desobstrução) e identificação. Nesses ensaios é possível verificar, visualmente, as condições gerais do produto fabricado a ser recebido.

Ensaios Mecânicos

Após definido o plano de amostragem, são realizados os ensaios de: momento fletor (MA) no plano de aplicação da carga nominal; momento da torção; elasticidade do poste com carga nominal; elasticidade do poste com carga no limite elástico; carga de ruptura do poste; e carga vertical. Esses ensaios são realizados nessa sequência para que um não interfira no outro.

Principais problemas encontrados:

1 – Falha no Cobrimento

As barras devem ter cobrimento mínimo de concreto para protegê-las. A falha no posicionamento da armadura pode fazer com que a armadura encoste na forma, não dando espaço suficiente para a devida cobertura.

2 – Identificação

A rastreabilidade é muito importante, pois tanto serve para limitar o lote apresentado como para controle do material que será espalhado em diversas obras de ampliação ou manutenção. Esse tipo de falha é bem comum pois, depende muito da atenção do colaborador na marcação do produto ainda com o concreto fresco.

3 – Furos Obstruídos

Mais uma vez a falha no processo produtivo pode ocasionar a colocação inadequada dos pinos nas formas. Com a vibração para acondicionar o concreto na forma, o pino sai de posição, obstruindo a furação, defeito considerado grave pela NBR. Pode haver também o esquecimento da colocação do pino, ficando o poste sem o furo. Dessa maneira a NBR entende como um defeito crítico. Podendo haver ainda desalinhamento do furo por conta de sua má colocação.

4 – Falha na resistência do Material

É comum que sejam realizados ensaios destrutivos de resistência dos materiais em concreto. Por vezes o ensaio de carga a ruptura não é satisfatório, entretanto a NBR admite a realização de novos ensaios, com o dobro da amostragem inicial, servindo como uma contraprova para recebimento ou não do material apresentado.

5 – Falha na Elasticidade

As flechas nominais e residuais são estabelecidas em norma, não é muito comum, mas acontece de haver falha e extrapolar os limites normativos estabelecidos, o que deve levar o fabricante a elaborar e apresentar um plano de ação para que o desvio seja sanado a fim de se apresentar um produto mais confiável.

6 – Fissuras

Fissuras capilares não orientadas segundo o comprimento do poste são inerentes ao material e, portanto, aceitáveis. Conforme a NBR, fissura é a abertura na superfície do poste menor do que 0,10 mm. Frequentemente são verificadas fissuras que extrapolam a norma, demonstrando que o material está inapto.

7 – Ninhos de Concretagem

Visualmente se constata esse tipo de manifestação patológica de forma sistêmica. O ninho, chamado também de bicheira ou broca é o resultado da falha no processo de concretagem, fazendo com que haja a segregação do material diminuindo o desempenho da peça e em casos severos, facilita o processo de corrosão da armadura diminuindo o seu tempo de vida útil.

8 – Conclusão

As não conformidades (NC) em uma inspeção de fábrica podem ser vistas de duas maneiras. Por um lado, elas podem ser percebidas como um problema que precisa ser resolvido. Por outro lado, se encaradas de forma construtiva, podem representar uma excelente oportunidade para identificar falhas e implementar melhorias no processo de produção. O importante é como a equipe lida com esses desvios: ao analisar as causas e desenvolver ações corretivas, é possível aprimorar a qualidade do produto e aumentar a eficiência da operação. Essa abordagem proativa pode levar a um ambiente de trabalho mais seguro e a produtos de melhor qualidade.

Caso concreto: Medição da distância da armadura longitudinal ao seu topo. Cobrimento da armadura nas extremidades. Não atende a NBR 8451-1:2020, item 5.8, armadura, subitem 5.8.1, cobrimento, requisito de norma: 20mm da base e do topo, com tolerância de -5mm e +10mm. Como pode ser visto não atende os requisitos. Medição 12,22mm.

Caso concreto: verificação de falha no processo de fabricação. Defeito na furação desalinhada. Não atende a NBR 8451-2:2020 item 4.4, furação, subitem 4.4.1, furação para fixação de equipamentos, letra a.

Caso concreto: Falha no ensaio de elasticidade, não atende a NBR item 5.4.3, fissura, subitem 5.4.3.1, ensaio de elasticidade. Verificação de fissura acima do permitido, medido com fissurômetro de lâmina em 0,50mm, após esforço correspondente a 140% (concreto armado) da carga nominal. Requisito: após a retirada do esforço as fissuras devem-se fechar ou se tornar capilares (0,10mm).

Caso concreto: verificação de falha no processo de fabricação. Foi observado ninhos de concreto. Não atende a NBR 8451-2:2020 item 4.2, acabamento e adensamento do concreto, subitem 4.2.1.